“É preciso se embriagar da escrita para que a realidade não o destrua...” (Ray Bradbury)
Se o mundo está tão visual, instantâneo e descartável.
E, assim, tão barulhento, conectado, disperso.
Vivemos na era da distração, com vários atrativos agraciados pela tecnologia.
Não há mais os autores e sim os usuários. Muitas vezes, não há mais o físico e tão somente o virtual.
As letras deram lugar às imagens, aos “memes”.
Os relatórios foram substituídos pelas planilhas.
Nada se cria tudo se “compartilha”.
Sentimos, mas não pensamos. Agimos por impulsos.
Em face desta realidade, indaga-se: Por que escrever?
Seria teimosia de uma pessoa “old school”?
Um hobby? Uma fuga?
Não. Antes de tudo, escrever é uma ação. Ação de viver e ser autêntico, informar, interagir, pensar e refletir, com pessoas do presente e de outras épocas, na condição de criadores de conhecimento e não meros consumidores de ideias.
Portanto, o seu autor não é um replicante de palavras, mas um sujeito da percepção.
Escrever é uma arte atemporal, como a música, a pintura. É, todavia, democrático avesso a vaidades, títulos ou cargos. Você é único como escritor.
Como observa o escritor Ray Bradbury [1]:
“Não dê as costas, por causa da vaidade de publicar coisas intelectualizadas, ao que você é: o seu material é que faz você individual e, portanto, indispensável para os outros”.
Você pode citar os escritores, discordar deles, glorificá-los ou difamá-los, mas nunca ignorá-los, porquanto, eles têm o condão de questionar os fatos, o status quo. São hábeis a promover as transformações sociais e econômicas para o progresso da humanidade.
Os escritores não são “cultivados”. São livres, independentes, tendo como atributo a originalidade, fruto do intelecto humano.
A história registra a existência de uma premissa básica pela qual favoreceu o surgimento de gerações de escritores, pensadores, personalidades e cientistas notáveis: questionar a autoridade, ou seja, pensar por si mesmo, mediante a busca da ciência e do conhecimento. A sabedoria está no meio.
A faculdade de escrever é uma habilidade que não é herdada, precisa de estímulo, continuidade e da leitura para o seu aperfeiçoamento, dentro do pensamento filosófico de “ato” e “potência” de Aristóteles.
Esta aptidão transforma os usuários em protagonistas. Protagonistas da própria história e um campo fértil para os frutos: cidadãos críticos, conscientes, proativos, livres e participativos.
Independentemente de sua área de atuação profissional saber escrever é uma vantagem competitiva, capaz de lhe proporcionar maior criatividade, empatia, organização, produtividade, liderança/autoridade e visão estratégica.
Esta virtude é capaz de proporcionar à autocrítica, como premissa para torná-lo melhor, mais realizado e profícuo, porquanto é colaboradora do raciocínio, da ciência, da clareza, da oratória e da gestão do tempo.
Em tempos de confusão e caos, capitaneados por ambiguidades, mentiras universais/negacionismos do cotidiano, vislumbra-se com mais facilidade as suas benesses e seu caráter profilático e revolucionário, para a prevenção e combate destes males modernos, dando suporte à racionalidade.
Não se pode olvidar quanto aos benefícios a saúde mental do seu autor, porquanto lhe traz satisfação e sensação de completude.
Enfim, há mais motivos para justificar a sua importância, porém, em respeito a sua riqueza infinita, encerraremos neste parágrafo, para que uma nova experiência seja contada, com novos protagonistas e leitores.
Notas:
[1] BRADBURY, Ray. O Zen e a arte da escrita. Ed. Mariana Rolier. Tradução: Adriana de Oliveira. – São Paulo: Leya, 2011. Pág. 31.
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