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Qual é o papel do líder?

Atualizado: 29 de jan. de 2022


A essência da liderança corporativa


"Um líder não é alguem a quem foi dada uma coroa, mas a quem foi dada a responsabilidade de fazer sobressair o melhor que há nos outros" (Jack Welch)

Para uma melhor compreensão sobre a essência da liderança é necessário exorcizar certos estigmas em torno de sua concepção.


Como bem observado por Jack Welch [1] “um líder não é alguém a quem foi dada uma coroa”.


Liderança não é ter poder autoritário, mas ter autoridade pelo respeito. Empregadores e autoridades têm poder sobre seus empregados e governados: mandam e são obedecidos, em razão da coerção, inerentes a sua posição ou força, mas, muitas vezes, são desprovidos de autoridade.


Mas o que é autoridade? É a liderança natural conquistada, não pela força, e sim, por meio da influência pessoal, divorciada do conceito de hierarquia.


Antes de abordamos os seus elementos, temos uma ideia inicial do líder: é aquele que tem autoridade natural sobre as pessoas, de modo a induzi-las a fazerem algo, de livre vontade, em razão da sua influência pessoal.


Ninguém nasce líder. Transforma-se! Assim como o ouro e a prata são provados no fogo. É um processo.


É necessário se colocar no lugar do outro. Ser empregado antes de ser patrão. Estagiário antes de ser profissional. O líder é antes de tudo um sujeito da percepção.


A liderança está estreitamente vinculada ao caráter, sendo necessária, a construção e desenvolvimento de hábitos necessários à consolidação desta virtude no âmago do agente, de modo atemporal, como bem explicado pelo autor James C. Hunter [2], no consagrado “O monge e o executivo”:


Liderança e amor são questões ligadas ao caráter. Paciência, bondade, humildade, abnegação, respeito, generosidade, honestidade, compromisso. Estas são as qualidades construtoras do caráter, são os hábitos que precisamos desenvolver e amadurecer se quisermos nos tornar líderes de sucesso, que vencem no teste do tempo

O circulo social e no ambiente corporativo sempre giram em torno dos relacionamentos. Liderança não é estilo é essência, caráter. O seu titular não pode ser opressor e nem temido, e sim, respeitado.


A sua autoridade se constrói mediante serviço e sacrifício em prol do bem comum dos seus liderados, extraindo o que há de melhor em cada um deles em favor da maximização dos lucros e objetivos empresariais.


Para tanto, deve ter discernimento sobre a diferença entre satisfazer vontades e satisfazer necessidades. Vontade é algo passional e necessidade, racional, e, portanto, esta última, deve ser objeto de preocupação do líder.


Todos querem ser promovidos e bem sucedidos. Contudo, para se alcançar este consenso é necessário uma política coesa de promoções com amparo na meritocracia, ou seja, colocar as pessoas certas, na posição correta, com metas audaciosas, alinhamento em longo prazo e com a cultura correta, prestigiando-se o desempenho individual de cada colaborador.


Somente assim, incutirá na mente dos colaboradores um senso de justiça, lisura, autorrealização, autoestima, sensação de pertencimento e segurança, extirpando problemas como a alta rotatividade nas funções, fuga de talentos e formação de profissionais excessivamente dependentes, com medo de arriscar e inovar.


Cada colaborador é único, e tem seu próprio tempo para conhecer o novo trabalho. Intimidações e ameaças, ainda que veladas, não são favoráveis ao aumento da produtividade. Apenas torna o ambiente mais destrutivo e insalubre a saúde mental das equipes.


Saber dialogar, ter um contato próximo com seus pares, sem protocolos, frutos de uma boa comunicação interpessoal aumenta a produtividade individual e em longo prazo, dá guarida ao desenvolvimento de uma saudável cultura colaborativa, em contraposição à autoritária: de equipes conformistas a inovadoras, engajadas, maximizando-se a expertise do capital humano.


A virtude em comento, não pode ser exaltada apenas pelo caráter humanitário, mas também, como importante direcionador de valor a corporação, removendo todas as barreiras impeditivas ao padrão de excelência no serviço prestado ao cliente e a expansão dos negócios.


Conforme falamos acima, liderança não é estilo, é essência, caráter. Gerencia coisas e lidera pessoas. O líder, portanto, contrata caráter e treina habilidades, promovendo a excelência e eticidade na mente dos seus colaboradores, para que eles próprios possam liderar a si mesmos, em um círculo vicioso de prosperidade.


A ação do líder não pode ser tóxica, autocrática, narcisista, manipulativa, intimidadora e discriminativa, indiferente a novas ideias, com senso exagerado de sua própria importância.


Os fins não justificam os meios. O líder para vencer o teste do tempo deve preservar a sua honra e ser reconhecido pelo caráter, mais do que pelas suas vitórias. Reprisa-se: O líder se constrói com serviços e sacrifícios.


Lideranças pautadas em virtudes como a paciência, bondade, humildade, abnegação, respeito, generosidade, honestidade, compromisso, criam um ambiente favorável para geração de bons resultados e desempenhos nos negócios, por meio da solidez e engajamento das equipes.


Refutando correntes pretéritas e ultrapassadas, quanto à definição tradicional de liderança, a humildade é um diferencial na conduta dos melhores líderes.


É um ato de capitanear sonhos, reger vidas e atos. O velho poder é oprimir o ambiente. O verdadeiro líder inspira pessoas, transfere conhecimentos, promove o aprendizado, compartilha informações e empodera os seus colaboradores para os desafios corporativos que se apresentam.


Jim Collins [3] cunhou o termo “Liderança de Nível 5”, pressupondo um profissional completo em termos de habilidades individuais e coletivas, além de humilde.


O líder “nível 5” reúne as habilidades dos outros quatro tipos de líderes que ele classificou: nível 1 (capacidades individuais), nível 2 (as de equipe), nível 3 (as de administração) e nível 4 (as de liderança). O líder nível 5 possui todas essas capacidades, e, além disso, tem humildade.


Líderes bons apenas cumprem as suas obrigações. Já os excelentes “de nível 5” além das suas habilidades individuais, com um gene de generosidade e humildade não medem esforços para empreender as transformações necessárias ao aprimoramento contínuo da instituição que representa.


Humildade é celebrar as pequenas vitórias com sua equipe, o bônus a promoção dos seus subordinados, sem qualquer resquício de inveja e sim, com sentimentos de autorrealização e de legado, sem pretensão, orgulho ou arrogância.


Outrora, mercado, capital e tecnologia, eram as grandes preocupações. Hoje, já se percebe que devem ser as pessoas.


Afinal de contas, como bem observado por Simon Sinek [4], “se você não entende de pessoas você não entende de negócios”.


Há escassez de liderança. O crescimento da economia brasileira vem sendo prejudicada pela carência de líderes nas empresas nos últimos anos.


De acordo com a pesquisa realizada pela Empreenda Consultoria [5], em parceria com a HSM, com 1.065 executivos do alto escalão, entre 2 e 17 de novembro, mostra que 63% dos entrevistados afirmam não ter líderes em quantidade e qualidade suficiente para executar a estratégia de crescimento de suas companhias (cenário 2010-2015).


A vida corporativa pode e deve ser mais leve, sem perder a sua intensidade, em um ambiente de engajamento e confiança recíproca. O líder deve ser um crítico construtivo, usando a humildade como catalizador de mudança, motivação e empenho dentro de um ambiente corporativo.


Liderar é construir pontes e navios para uma imensidão de novos horizontes profissionais, como um autêntico incentivador de pessoas.


Já dizia Antoine de Saint-Exupéry, “Se você quer construir um navio, não peça às pessoas que consigam madeira, não lhes dê tarefas e trabalho. Fale, antes, a elas, longamente, sobre a grandeza e a imensidão do mar”.

As ideias que defendo são frutos de experiências da minha vida profissional, por meio da percepção do ambiente corporativo e estudo de renomados autores, filósofos e sabedoria milenar. E você leitor, qual é o papel do líder para você?


Notas


[1] John Frances Welch Jr. foi um executivo americano. Autor de vários livros e consultor para um grupo selecionado de CEO dos 500 da Revista Fortune.


[2] HUNTER, James C. O monge e o executivo. [tradução Maria da Conceição Fornos de Magalhães] – Rio de Janeiro: Sextante, 2004.


[3] COLLINS, James C. Good to Great: Empresas feitas para vencer. [tradução Maurette Brandt] – Rio de Janeiro: Alta books, 2018.


[4] O inglês Simon Sinek é um palestrante motivacional, consultor e autor de 5 livros, entre eles os best sellers “Start With Why” ou “Comece Pelo Porquê: Como Grandes Líderes Inspiram Pessoas e Equipes a Agir” e “Os Líderes Comem por Último”.


[5] Disponível em: https://docplayer.com.br/18005865-Pesquisa-cenario-2010-2015-desafios-estrategicos-e-prioridades-de-gestao.html. Capturado em 14/04/2021.





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